segunda-feira, 14 de julho de 2014

Modelos dos modelos - Italo Calvino Minhas reflexões em relação ao Atendimento Educacional Especializado


O texto de Italo Calvino,  trás para mim uma grande reflexão sobre certos padrões, que muitas das vezes são inflexíveis, mas que na verdade poderiam ou até deveriam ser flexíveis. O Atendimento Educacional Especializado, gera modelos que ora poderiam ser remodelados ou não. Devemos ter em mente que o ser humano cresce, desenvolve, para ou anda.  O modelo dos modelos com padrão imutáveis pode se tornar um problema, devendo ser analisado conforme as peculiaridades individuais.

As vezes que é bom para mim é indesejado ou até mesmo impossível para outros, devemos apreciar e saber reconhecer as potencialidades de cada um, sem focar suas dificuldades.


Alexsander Luis

domingo, 8 de junho de 2014

PRANCHA DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA PARA ALUNOS COM TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA (TEA)


Público alvo da atividade proposta:  Crianças com (TEA) com transtorno Autista, da Educação Infantil, com idade entre 3  e 5 anos.

Pranchas de comunicação - As pranchas de comunicação podem ser construídas utilizando-se objetos ou símbolos, letras, sílabas, palavras, frases ou números. As pranchas são personalizadas e devem considerar as possibilidades cognitivas, visuais e motoras de seu usuário.
Essas pranchas podem estar soltas ou agrupadas em álbuns ou cadernos. O indivíduo vai olhar, apontar ou ter a informação apontada pelo parceiro de comunicação dependendo de sua condição motora.




O uso das pranchas de comunicação poderá ser adequada à idade ou ao nível de comunicação da criança com Autismo, inicialmente poderá ser usada junto ao Professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE), na Sala de Recurso Multifuncional (SRM). Este recurso é considerado de baixa tecnologia, e pode ser adaptado de acordo com a demanda de cada professor de AEE, devendo ser inserido em outros ambientes da escola, preferencialmente na sala de aula e em outros ambientes frequentados pelo aluno com Autismo.

Uma dica muito interessante para montar uma prancha de comunicação que possa obter maior compreensão da criança autista é personaliza-la para cada criança, como por exemplo, usar fotos pessoas de sua família, professor, utensílios domésticos, objetos e locais que façam parte de seu cotidiano, na escola, em sua casa e nos ambientes que frequente. Usar fotos que a criança esteja familiarizado, ajudará muito a focar a comunicação, visado facilitar sua interação social, e compreensão de seu comportamento.

 

ALGUNS RECURSOS DE BAIXA TECNOLOGIA QUE PODEREMOS ADAPTAR:

  Eye-gaze - pranchas de apontar com os olhos que podem ser dispostas sobre a mesa ou apoiada em um suporte de acrílico ou plástico colocado na vertical. O indivíduo também pode apontar com o auxílio de uma lanterna com foco convergente, fixada ao lado de sua cabeça, iluminando a resposta desejada.
  Avental - é um avental confeccionado em tecido que facilita a fixação de símbolos ou letras com velcro, que é utilizado pelo parceiro. No seu avental o parceiro de comunicação prende as letras ou as palavras e a criança responde através do olhar.
  Comunicador em forma de relógio - o comunicador é um recurso que possibilita o indivíduo dar sua resposta com autonomia, mesmo quando ele apresenta uma dificuldade motora severa. Seu princípio é semelhante ao do relógio, só que é a pessoa que comanda o movimento do ponteiro apertando um acionador .

Tecnologia Assistiva – Miryam Pelosi - http://www.comunicacaoalternativa.com.br/ [acesso em 08/05/2014].


Você sabia?

A partir da DSM-5[1] o Transtorno Global do Desenvolvimento passa a chamar-se Transtorno do Espectro Autista, inserido na categoria diagnóstica dos Transtornos de Neurodesenvolvimento. Que inclui, o transtorno autista (autismo), o transtorno de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância e os transtornos invasivos do  desenvolvimento sem outra especificação, conforme a DSM-5 (APA 2012).

O Transtorno do Espectro Autista é um distúrbio do desenvolvimento neurológico e deve estar presente desde a infância ou do início da infância, mas pode não ser detectado mais tarde devido a mínimas demandas sociais e do apoio dos pais ou responsáveis nos primeiros anos. Esse distúrbio passa a ter dois domínios: sociais/comunicação déficits e interesses fixados e comportamentos repetitivos (APA, 2012).

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[1] manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais. A versão atualizada saiu em maio de 2013 e substitui o DSM-IV criado em 2000. Desde o DSM-I criado em 1952, esse manual tem sido uma das bases de diagnósticos de saúde mental mais usados no mundo.



sexta-feira, 25 de abril de 2014

SURDOCEGUEIRA E DMU



 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

São consideradas pessoas com deficiência múltipla aquelas que "têm mais de uma deficiência associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social" (MEC/SEESP, 2002).

As características específicas apresentadas pelas pessoas com deficiência múltipla lançam desafios à escola e aos profissionais que com elas trabalham no que diz respeito à elaboração de situações de aprendizagem a serem desenvolvidas para que sejam alcançados resultados positivos ao longo do processo de inclusão. Esses alunos constituem um grupo com características específicas e peculiares e, consequentemente, com necessidades únicas. Por isso, faz-se necessário dar atenção a dois aspectos importantes: a comunicação e o posicionamento.

SURDOCEGUEIRA

“Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença, uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo.” (LAGATI, 1995, p. 306).

Para McInnes (1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro categorias:

* Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
* Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
* Indivíduos que se tornaram surdocegos;
* Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.

O mesmo autor (1999) relata que muitos indivíduos com surdocegueira congênita ou que a adquiram precocemente têm deficiências associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro categorias podem ser agrupadas em Surdocegos Congênitos ou Surdocegos Adquiridos. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-lingüísticos ou Surdocegos Pós-lingüísticos.

 A APRENDIZAGEM DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA

Relacionamos a seguir o que Mc Innes (1999) refere sobre a aprendizagem de pessoas com surdocegueira: indivíduos com surdocegueira demonstram dificuldade em observar, compreender e imitar o comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em contato, devido à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam.

Por isso, as técnicas "mão-sobre-mão" [Mão sobre mão: a mão do professor é colocada em cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu movimento, o professor tem o controle da situação] ou a "mão sob mão" [Mão sob mão: a mão do professor é colocada em baixo da mão do aluno de modo a orientar o seu movimento, mas não a controla, convida a pessoa com deficiência a explorar com segurança] são importantes estratégias de intervenção para o estabelecimento da comunicação com a criança com surdocegueira.

NECESSIDADES ESPECÍFICAS DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA E COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

O corpo é a realidade mais imediata do ser humano. A partir e por meio dele, o homem descobre o mundo e a si mesmo. Portanto, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla é de extrema importância.

Para que a pessoa possa se auto perceber e perceber o mundo exterior, devemos buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular.

As pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.

Devido às dificuldades fonoarticulatórias, motoras ou mesmo neurológicas, é comum A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar Surdocegueira e Deficiência Múltipla nessas pessoas algum tipo de limitação na comunicação e no processamento e elaboração das informações recolhidas do seu entorno. Isso pode resultar em prejuízos no processo de simbolização das experiências vividas, por acarretar carência de sentido para as mesmas.
Prioritariamente deve-se, portanto, disponibilizar recursos para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto verbal quanto em outros registros, como o gestual, por exemplo.

Mesmo quando a deficiência predominante não é na área intelectual, todo trabalho com o aluno com deficiência múltipla e com surdocegueira implica em constante interação com o meio ambiente. Este processo interacional é prejudicado quando as informações sensoriais e a organização do esquema corporal são deficitárias. Prever a estimulação e a organização desses meios de interação com o mundo deve fazer parte do Plano de AEE.

COMUNICAÇÃO

Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica a necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe proporcionar autonomia e independência.

Todas as pessoas se comunicam, ainda que em diferentes níveis de simbolização e com formas de comunicação diversas; assim, considera-se que qualquer comportamento poderá ser uma tentativa de comunicação. Dessa maneira, é preciso estar atento ao contexto no qual os comportamentos, as manifestações ocorrem e sua frequência, para assim compreender melhor o que o aluno tem a intenção de comunicar e responder.


Fonte: Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar Surdocegueira e Deficiência Múltipla - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2010.

domingo, 16 de março de 2014

Pessoas com Surdez na escola

Há cerca de dois séculos, existe em embate político e epistemológico entre os gestualistas e os oralistas, este embate vem se destacando nas discussões que promovem a educação das pessoas com surdez, que tendem por uma ou outra concepção de suas práticas pedagógicas específicas.

No Brasil, o caminho da educação inclusiva está ganhando forças, apesar dos desafios, que serão e estão sendo discutidos. Com o documento  A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), nota-se as mobilizações políticas que tornam o ambiente escolar para as pessoas com surdez principalmente. Não devemos tratar as pessoas com surdez como grupos isolados, identificando-os como sendo de uma cultura surda, identidade surda, línguas surdas e sujeito surdo, etc., relacionando os ouvintes como dominadores. Essas concepções dividem as pessoas com ou sem deficiência.

Os profissionais da escola não devem focar o problema da língua em si, pois, pode prejudicar o desenvolvimento da pessoa com surdez, devendo assim, romper com o embate entre gestualistas e oralistas. As potencialidades das pessoas com surdez, devem ser valorizadas, a instituição escolar deve se envolver neste processo, ao construir uma prática pedagógica com este objetivo.

É muito importante salientar que o processo de resignificação da educação de pessoas com surdez, sobre uma visão bilíngue, há existência de alguns tópicos que se destacam:

·         A proficiência em duas línguas ainda parece ilusão, há uma visão educacional que prioriza a língua de sinais e outra o bilinguismo (L1XL2), em alguns casos dá lugar ao bimodalismo.
·         É relevante discutir que as pessoas com surdez necessitam de ambientes educacionais que o estimulem e desafiem o pensamento, exercitando sua capacidade perceptivo/cognitiva.

A abordagem bilíngue é legitimada, conforme a obrigatoriedade do Decreto 5.626 de 5 de Dezembro de 2005. O AEE vem contribuir com está perspectiva, complementando o que foi ensinado em sala de aula comum, além de outras especificidades. Para que o AEE para pessoas com surdez se concretize na escola, o aluno deve ser estimulado a “aprender a aprender”, conforme Damázio (2005).

É relevante destacar que a organização didática do AEE, para pessoas com surdez,  tem como ideal a formação do professor e do diagnóstico inicial do aluno como surdez, passando por três momentos didáticos-pedagógicos:

·         Atendimento Educacional Especializado em Libras;
·         Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa escrita;
·         Atendimento Educacional especializado para o ensino de Libras.

A pessoa com surdez tem o direito de estar preparado para o mundo, independente de qual forma de comunicação ele priorize, considerando sua formação humana em todo o contexto social.


Alexsander Luis