A PESSOA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
São consideradas
pessoas com deficiência múltipla aquelas que "têm mais de uma deficiência
associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de
pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou
menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social" (MEC/SEESP,
2002).
As características
específicas apresentadas pelas pessoas com deficiência múltipla lançam desafios
à escola e aos profissionais que com elas trabalham no que diz respeito à
elaboração de situações de aprendizagem a serem desenvolvidas para que sejam alcançados
resultados positivos ao longo do processo de inclusão. Esses alunos constituem
um grupo com características específicas e peculiares e, consequentemente, com
necessidades únicas. Por isso, faz-se necessário dar atenção a dois aspectos
importantes: a comunicação e o posicionamento.
SURDOCEGUEIRA
“Surdocegueira é uma
condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira
e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as
dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma
diferença, uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não
aditivo.” (LAGATI,
1995, p. 306).
Para McInnes (1999),
a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma
abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema
para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em
quatro categorias:
* Indivíduos que eram
cegos e se tornaram surdos;
* Indivíduos que eram
surdos e se tornaram cegos;
* Indivíduos que se
tornaram surdocegos;
* Indivíduos que
nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a
oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas
nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
O mesmo autor (1999)
relata que muitos indivíduos com surdocegueira congênita ou que a adquiram
precocemente têm deficiências associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro
categorias podem ser agrupadas em Surdocegos Congênitos ou Surdocegos
Adquiridos. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se
classificá-la em Surdocegos Pré-lingüísticos ou Surdocegos Pós-lingüísticos.
A APRENDIZAGEM DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA
Relacionamos a seguir
o que Mc Innes (1999) refere sobre a aprendizagem de pessoas com surdocegueira:
indivíduos com surdocegueira demonstram dificuldade em observar, compreender e
imitar o comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em
contato, devido à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam.
Por isso, as técnicas
"mão-sobre-mão" [Mão sobre mão: a mão do professor é colocada em
cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu movimento, o professor tem o
controle da situação] ou a "mão sob mão" [Mão sob mão: a mão do
professor é colocada em baixo da mão do aluno de modo a orientar o seu
movimento, mas não a controla, convida a pessoa com deficiência a explorar com
segurança] são importantes estratégias de intervenção para o
estabelecimento da comunicação com a criança com surdocegueira.
NECESSIDADES
ESPECÍFICAS DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA E COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
O corpo é a realidade
mais imediata do ser humano. A partir e por meio dele, o homem descobre o mundo
e a si mesmo. Portanto, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da
pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla é de extrema importância.
Para que a pessoa
possa se auto perceber e perceber o mundo exterior, devemos buscar a sua
verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus
movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das
coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força
muscular.
As pessoas com
surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas
motores, precisam aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa
de minorar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de
ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.
Devido às
dificuldades fonoarticulatórias, motoras ou mesmo neurológicas, é comum A
Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar Surdocegueira e
Deficiência Múltipla nessas pessoas algum tipo de limitação na comunicação e no
processamento e elaboração das informações recolhidas do seu entorno. Isso pode
resultar em prejuízos no processo de simbolização das experiências vividas, por
acarretar carência de sentido para as mesmas.
Prioritariamente
deve-se, portanto, disponibilizar recursos para favorecer a aquisição da
linguagem estruturada no registro simbólico, tanto verbal quanto em outros
registros, como o gestual, por exemplo.
Mesmo quando a
deficiência predominante não é na área intelectual, todo trabalho com o aluno
com deficiência múltipla e com surdocegueira implica em constante interação com
o meio ambiente. Este processo interacional é prejudicado quando as informações
sensoriais e a organização do esquema corporal são deficitárias. Prever a
estimulação e a organização desses meios de interação com o mundo deve fazer
parte do Plano de AEE.
COMUNICAÇÃO
Todas as interações
de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e
a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que
possuem como característica a necessidade de ter alguém que possa mediar seu
contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos
entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade
de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe
proporcionar autonomia e independência.
Todas as pessoas se
comunicam, ainda que em diferentes níveis de simbolização e com formas de
comunicação diversas; assim, considera-se que qualquer comportamento poderá ser
uma tentativa de comunicação. Dessa maneira, é preciso estar atento ao contexto
no qual os comportamentos, as manifestações ocorrem e sua frequência, para
assim compreender melhor o que o aluno tem a intenção de comunicar e responder.
Fonte: Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar Surdocegueira e Deficiência Múltipla - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
ESPECIAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2010.
Muito bom o jeito com que você disponibilizou as informações. Amei. Ficou tudo muito claro. Você se superou. Parabéns por sua postagem!
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